A preocupação com o novo coronavírus tem gerado muitas discussões sobre como podemos cuidar da saúde para nos defender do contágio. Nessas conversas, é comum surgir uma dúvida: o que podemos fazer para fortalecer o nosso sistema imunológico para não pegar a doença?
“Costumo dizer que imunidade não é elevador, não podemos fazer com que ela suba ou desça”, explica o infectologista Celso Ramos, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro titular da Academia Nacional de Medicina.
“Muita gente acha que a imunidade baixou e por isso pegou resfriado, mas não é verdade. Uma pessoa saudável não é infectada por um vírus ou por uma bactéria porque sua imunidade está baixa. Uma doença pode surgir em função da quantidade de agentes patológicos que penetraram no organismo e, também, devido ao seu grau de virulência”, completa o especialista.
A tarefa do sistema imunológico é detectar uma nova ameaça ao organismo, como uma bactéria, um vírus ou um parasita, e mobilizar nossas células de defesa para destruí-los. Seguindo essa lógica, aumentar a imunidade seria elevar o número de células de defesa, algo que nenhuma vitamina pode fazer.
Mesmo que pudesse, seria preciso saber qual tipo de célula estimular, mas até agora nem médicos nem pesquisadores sabem qual seria a combinação e a quantidade ideais de células para que o sistema imunológico funcione da melhor maneira, aponta um artigo do blog da Faculdade de Medicina de Harvard.
O que fazer pelas suas defesas
Por isso, o melhor a fazer para manter as defesas do organismo em forma é cuidar da saúde de maneira equilibrada. Segundo Ramos, isso significa, em linhas gerais:
- Ter uma alimentação variada.
- Fazer exercícios físicos regularmente.
- Dormir bem.
- Não abusar do álcool.
- Não fumar.
“A imunidade que uma pessoa saudável tem é mais do que suficiente para conviver com as ameaças de vírus e bactérias”, completa Ramos.
Além disso, existem alguns pontos que merecem atenção especial ao longo da vida. Veja, a seguir, quais são os cuidados com a saúde que devemos tomar para manter uma boa imunidade em qualquer idade.
Cuidar de doenças crônicas
Ir ao médico regularmente é a melhor maneira de descobrir uma doença crônica, como diabetes e hipertensão, antes que ela se agrave. “É preciso se preocupar com doenças crônicas e tratá-las adequadamente”, alerta Ramos. “Quando o diabetes não é tratado, pode afetar o sistema imunológico porque a doença facilita o aparecimento de feridas na pele, por exemplo.”
Em tempos de distanciamento social, converse com seu médico para que a decisão de ir ou não a uma consulta seja tomada em conjunto.
Gerenciar o estresse
Ninguém escapa de se estressar de vez em quando, mas é preciso cuidar para que isso não se transforme em um problema crônico, o que pode aumentar a nossa vulnerabilidade e diversas doenças, afirma Ramos.
Um estudo recente mostra que o estresse crônico afeta, por exemplo, a resposta dos anticorpos a vacinas, a suscetibilidade a doenças infecciosas, e a habilidade de o sistema imunológico combater vírus latentes.
Tomar as vacinas
Sim, mesmo na idade adulta, devemos continuar tomando as vacinas. Afinal, essa é uma maneira de preparar nosso sistema imunológico para combater certos vírus e bactérias. “É importante manter as vacinas em dia, porque isso reduz o risco de pegar doenças como gripe, pneumonia e hepatite”, reforça Ramos. Se você não sabe quais são as vacinas que precisa tomar, a gente lista todas aqui.
Ter bons hábitos de higiene
Lavar as mãos é uma dica de higiene que não deve ficar restrita à pandemia de Covid-19. “A maioria das pneumonias acontece por aspiração das bactérias que estão na boca e no nariz, daí a importância de manter bons hábitos de higiene, como lavar as mãos e tomar banho todos os dias”, explica Ramos.
Ir ao dentista
Manter bons hábitos de higiene se estende também para cuidar da escovação dos dentes para evitar a proliferação de bactérias indesejadas na boca. “Ir ao dentista é fundamental para evitar a formação de placas e problemas como a gengivite, que é muito comum em idosos”, diz Ramos. Essas bactérias podem até chegar à corrente sanguínea e causar infecções em outros órgãos e tecidos do corpo, além de complicações cardíacas e dificuldades no controle da glicemia em diabéticos.
Enquanto durar a orientação de distanciamento social, o atendimento odontológico deve ser feito em caso de urgência ou emergência.
Consultar um geriatra
Conforme envelhecemos, é natural ter uma perda de imunidade, um fenômeno que se chama imunossenescência. “É uma redução da capacidade do nosso sistema imunológico”, esclarece Ramos. Por isso, a partir dos 40 anos, quando a capacidade dos nossos órgãos começa a diminuir, é importante ir com regularidade ao geriatra e acompanhar as mudanças na saúde e na imunidade.
