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Saúde mental: o que é e como descobrir se algo não está bem

Especialistas mostram o que podemos fazer para cuidar da nossa saúde mental e como perceber os sinais de que a depressão ou a ansiedade podem ter se instalado

Saúde mental: o que é e como descobrir se algo não está bem

Se você chegou até esse texto é muito provável que esteja procurando entender o que é saúde mental — e quais são os transtornos mentais mais comuns — ou saber se aquilo que você tem sentido pode estar indicando que alguma coisa não está indo muito bem com sua mente e emoções.

Não é segredo para ninguém que 2020 não foi um ano fácil. Foi quando a nossa resiliência foi colocada à prova. Situações como a que vivemos, com algumas privações e falta de previsibilidade, podem impactar na saúde mental.

Esse período, pouco mais de um ano desde a confirmação do primeiro caso de contágio do novo coronavírus no Brasil, já provocou uma grande mudança em nossas vidas, o que contribui para essa sensação de que algo não está certo. Cada um sabe onde o “calo” está apertando mais, não é mesmo?

Trabalho, vida social, a maneira como você se alimenta, quanta atividade física você faz, o local em que você vive, as suas relações sociais, tudo isso influencia na saúde mental. Perceba o quanto esses vários pilares que sustentam o equilíbrio de nossas emoções estão (muito) limitados por causa de uma pandemia que não dá trégua.

Portanto, sim, alguma coisa de diferente está acontecendo por aqui. A grande questão, a partir deste ponto, é entender o que é doença e o que pode ser apenas uma fase difícil.

O que é saúde mental

É a sensação de bem-estar, de conforto e equilíbrio. É a capacidade de lidar com as questões do cotidiano sem que isso faça com que nós nos sintamos, de alguma forma, sobrecarregados e sem sobrecarregar os demais. Esse foi o conceito de saúde mental resumido por Carmita Abdo, psiquiatra e professora do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em conversa com o Viva a Longevidade.

É um conceito amplo, que vai além da ausência de algum transtorno mental. A saúde mental está dentro daquilo que definimos como saúde. “É o indivíduo que consegue lidar com as questões da vida, com as suas emoções, de uma forma que não prejudique a si mesmo nem ao outro”, emenda a também psiquiatra Érica Pessoa.

Como cuidar da saúde mental

Se falta saúde mental, o manejo das emoções dica comprometido. O transtorno mental é, portanto, a doença que se desencadeia de um desequilíbrio persistente e que se manifesta em alterações emocionais, comportamentais e até físicas.

As definições conversam entre si, mas, no caso, o transtorno mental é a doença que se desencadeia de um desequilíbrio permanente e que se manifesta em alterações emocionais e de comportamentos.

A saúde mental está diretamente ligada às ações de promoção da saúde. Então, se você quer cuidar dela, se quer evitar ou minimizar os riscos de desenvolver uma doença, faça aquilo que sabidamente é saudável e fará bem a você.

Isso significa: dormir e acordar regularmente no mesmo horário, manter uma rotina de exercícios, uma boa alimentação, trabalhar e ter um tempo para você. “Uma boa rotina é remédio, no sentido de ser curativo e promover a saúde”, afirma Pessoa.

Quando o sinal de alerta deve acender

As ações acima, infelizmente, não garantem que uma pessoa não vá desenvolver um transtorno mental. Então, como saber se as coisas não estão tão bem?

Antes de tudo, é preciso lembrar que episódios esporádicos de tristeza ou desânimo não são indicadores de que uma doença se instalou. Agora, se eles se repetem há mais tempo (duas semanas seguidas ou mais), aí é hora de ficar atento e já pensar em procurar ajuda.

Pergunte-se: você está animado ou desanimado? Os pensamentos estão te consumindo muito? Você acha que não está rendendo muito no trabalho ou nos seus afazeres? Ou você está só se dedicando a eles? Você tem dormido muito menos ou muito mais do que está acostumado?

“Às vezes, só se perguntar ‘como eu estou me sentindo agora?’ e ‘como estou me sentindo nesses últimos tempos?’ já faz a chave virar”, destaca Pessoa.

Além disso, alguns sintomas físicos podem aparecer.

No caso da depressão, “dores generalizadas, cansaço, sensação de fadiga, sensação de não estar rendendo, falta de concentração, a memória que começa a falhar”, enumera Abdo. Insônia ou sono excessivo, falta ou excesso de apetite e  sensação de que os pensamentos não fluem no mesmo ritmo, são um misto de sintomas físicos e psíquicos . “A pessoa percebe uma relação desproporcional entre o esforço que é desprendido para realizar uma tarefa e o resultado conseguido. Antes não era assim”, explica a especialista.

No caso da ansiedade, as queixas são de opressão no peito, inquietação, insônia, tremores, suor, dificuldade para se concentrar, respiração ofegante. Tudo isso, destaca a psiquiatra, independentemente de um estimulo ou de uma situação de tensão atual.

A hora de vencer preconceitos

Ninguém gosta de adoecer. Mas quando falamos de transtornos mentais, existe uma carga de preconceito envolvido. Se você não está conseguindo manter uma rotina amiga da saúde mental, já percebeu alguns sintomas físicos e emocionais mais persistentes e sente que o seu cotidiano está difícil de levar e nada gratificante, é hora de procurar ajuda profissional.

“O que se está vivendo não são sinais de alerta para um quadro depressivo ou ansioso. Esse quadro já está instalado e você precisa de uma ajuda especializada”, explica Abdo.

A ajuda especializada pode ser a de um psiquiatra, que é um médico com residência em psiquiatria, ou de um psicólogo. A grande diferença entre os dois é que o primeiro é quem faz o diagnóstico e avalia a necessidade de iniciar o tratamento com medicação.

Mas os dois podem fazer parte do tratamento: eles não se anulam, mas, sim, se complementam. Qual procurar primeiro? Para superar algumas resistências, “aquele com o qual você se sinta mais à vontade”, responde Pessoa. Em casos moderados ou graves, a avaliação psiquiátrica é imprescindível. “O psicólogo, se perceber indícios de gravidade da doença, deve encaminhar o paciente para essa avaliação”, pondera a especialista.

Transtornos mentais mexem com a nossa autoestima. Como vimos, alguns desses sintomas atingem nossa capacidade de organização e o modo como levamos a vida. Mas eles são tão comuns que podem acontecer com qualquer pessoa, independentemente da faixa etária ou classe social.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que mais de 18 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade: o Brasil é o país com a maior prevalência da doença (9,3%). Entre as populações com depressão, temos o segundo maior contingente: 5,8% da população têm depressão (apenas 0,1 ponto percentual no separa do líder Estados Unidos).

Deixe o preconceito de lado, isso só leva à demora na busca por ajuda. E quanto mais cedo o transtorno for diagnosticado e tratado, maiores são as chances de bons resultados.

Perceber que algo não está bem e buscar ajuda não é sinal de fraqueza. É, na verdade, sinal de que você tem uma boa percepção de si mesmo. Para superar esse momento, procure ajuda especializada, exatamente como você faria se estivesse com um problema no coração ou no joelho. A necessidade de fazer uma terapia ou de tomar uma medicação (quando necessário) não são um atestado de incapacidade. Elas apenas indicam que seu quadro tem uma solução.

O que você pode fazer para cuidar da saúde mental

Estabeleça uma rotina
E tente segui-la, com horários definidos para o sono, alimentação, trabalho e afazeres, diversão.

Diminua o consumo de notícias sobre a pandemia
Eleja um momento do dia para se atualizar uma única vez sobre o noticiário da pandemia.

Faça atividades físicas...
A Organização Mundial da Saúde orienta 150 minutos de exercício por semana.

.... e atividades prazerosas
Desenvolver um hobby é fundamental (cuidar de plantas, tocar um instrumento, desenhar, fazer artesanato). Reserve um espaço para essas atividades que promovem entretenimento.

Cuide do sono....
Defina um horário para dormir e acordar e faça disso uma rotina. A privação do sono (dormir pouco) pode desencadear e piorar transtornos mentais.

...da alimentação....
Coma para se alimentar e nutrir o corpo. Ganho de peso pode reverter de forma negativa para a sensação de bem-estar, conforto e de satisfação com a autoimagem.

...das suas relações....
Mantenha, mesmo que a distância, o contato com amigos e familiares. Por mais que os abraços estejam vetados, mantenha estreitos esses laços.

... e do seu ambiente
O local em que vivemos, a casa e a vizinhança também impactam na sua saúde mental. A sua casa está em ordem?

Depressão e ansiedade: como identificar?

Só um profissional especializado pode fazer o diagnóstico de um transtorno mental. Mas você pode observar alguns sinais físicos para saber se é hora de procurar ajuda.

Ansiedade

Sensação de opressão no peito, de inquietação, de incapacidade de se concentrar, falta de ar e tremores.

[número grande] 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade

Depressão

Apatia, distanciamento, sensação de fadiga, alteração no sono (para mais ou para menos), tristeza na maior parte do tempo todo.

[Número grande] 5,8% dos brasileiros têm depressão

Diagnóstico e Tratamento

Os transtornos mentais são diagnosticados por meio de uma avaliação psiquiátrica, ou seja, com muita conversa. Dependendo do caso, pode ser necessária a combinação de terapia e medicação (temporária ou de longo prazo).

Não há um prazo para a conclusão do tratamento, uma vez que cada caso é um caso.

Principais transtornos mentais

Transtornos de humor (depressão e bipolaridade)

Transtorno ansioso (ansiedade generalizada, ansiedade social, ansiedade de desempenho, transtorno de pânico, ansiedade de doenças, estresse pós-traumático, fobias)

Transtorno alimentares

Transtorno obsessivo compulsivo

Transtornos psicóticos (esquizofrenia, por exemplo)

Transtorno por uso de substâncias lícitas (álcool, tabaco, remédios para dormir) e ilícitas (drogas recreativas)

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