Já reparou que um filme de comédia parece ser muito mais engraçado quando a gente assiste em uma sala de cinema? E lembra aquela sensação boa de ir a um grande show ao lado de amigos e outros tantos desconhecidos? E de dançar numa festa? E de ir a um jogo do seu time de coração ao lado de outros tantos torcedores?
Pois é, essa alegria tem um nome: efervescência coletiva. E estamos desde o início de 2020 sem senti-la porque ela depende muito de algum tipo de aglomeração (pequena ou grande) para florescer.
O que é efervescência coletiva?
Adam Grant, psicólogo organizacional, trouxe o conceito de efervescência coletiva em uma coluna publicada no jornal The New York Times.
O termo foi cunhado pelo sociólogo francês Émile Durkheim, em 1912, quando o mundo estava passando por um momento um tanto conturbado, próximo do início da Primeira Guerra Mundial e alguns anos antes do início da pandemia da gripe espanhola (lembrou algo? Pois é).
É a “sensação de energia e harmonia que as pessoas sentem quando se unem em um grupo em torno de um propósito comum”, explica o psicólogo. Algo que estávamos muito acostumados a viver, não é mesmo? Festas de casamento, cinemas e teatros cheios, shows, eventos esportivos.
Todas essas experiências envolvem pelo menos duas pessoas. “As emoções são inerentemente sociais: elas são tecidas por meio de nossas interações”, explica o psicólogo.
Precisamos dos outros para sentir as emoções?
Grant explica que a efervescência coletiva acontece quando a alegria de viver se espalha por um grupo de pessoas. Quantas vezes você tinha episódios como esse durante uma semana? Segundo uma pesquisa, mais de 3/4 dos entrevistados afirmavam experimentar a efervescência coletiva uma vez por semana enquanto quase 1/3 viviam isso diariamente — em aulas de ioga, grupos de corrida ou participação em corais.
“Ah, mas eu consigo ter emoções positivas quando faço algo sozinho”, você pode pensar. Sim, é verdade. Tem quem goste de viajar sozinho, maratonar uma série favorita, enfim, provar por A mais B que o ditado “antes só do que mal acompanhado” é verdadeiro. Acontece que o pico da felicidade, diz Grant, reside principalmente na atividade coletiva.
“As emoções são como doenças contagiosas: podem ser transmitidas de pessoa para pessoa”, escreveu o psicólogo. E esse “contágio” não depende de uma interação física: elas podem passar para o outro por meio de postagens em redes sociais ou mensagens de texto/áudio.
“Devemos pensar em florescer menos como euforia pessoal e mais como efervescência coletiva”, escreve Grant. Um estudo de 2011 mostrou que em culturas em que as pessoas buscam a felicidade individualmente podem se tornar mais solitárias. E quando isso é feito de maneira social, conectando-se com os outros, cuidando e contribuindo, a tendência é alcançar o bem-estar.
Tom Jobim uma vez escreveu e cantou: “É impossível ser feliz sozinho”. E não é que ele estava certo?