Entusiasmo e alegria. Basta uma pequena dose diária desses sentimentos positivos para as pessoas apresentarem um menor declínio da memória ao longo da vida, segundo dois estudos divulgados entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 e que abordam o tema longevidade.
As duas pesquisas, publicadas no blog Longevidade: Modo de usar, mostram que, apesar de alguns fatores físicos e emocionais afetarem negativamente nossa capacidade de reter informações ao longo da vida, o afeto positivo deixa não só o cérebro mais jovem, mas o corpo também.
E esses resultados não foram obtidos assim num estalar de dedos. O estudo da Northwestern University (Estados Unidos), publicado na revista Psychological Science em outubro do ano passado, analisou os dados de 991 adultos norte-americanos acima dos 40 anos.
Todos eles participaram de uma entrevista dividida em três períodos: entre 1995 e 1996, 2004 e 2006 e 2013 e 2014. Na primeira, os entrevistados compartilharam quais emoções positivas foram vividas nos últimos 30 dias.
Já nas duas etapas seguintes, eles precisaram completar teste de desempenhos de memória, em que deveriam relembrar palavras logo após a apresentação delas e novamente 15 minutos depois.
Apesar de os pesquisadores identificarem que a memória diminuiu com a idade, “as pessoas com níveis mais elevados de afeto positivo tiveram um declínio de memória menor ao longo de quase uma década”, explicou Emily Hittner, pesquisadora e autora principal do artigo.
Autocontrole desde a infância traz benefícios ao cérebro
Já o segundo estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences em janeiro deste ano, destacou como os adultos são mais saudáveis após os 40 quando possuem autocontrole durante a infância.
Autocontrole é a capacidade de conter pensamentos, sentimentos e comportamentos e de tomar ações para atingir metas e um plano. “É um dos traços de personalidades que faz as crianças ficarem prontas para ir à escola. E, de acordo com o estudo, prontas para a vida também”, diz trecho de notícia publicado no site da Universidade Duke, dos Estados Unidos.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam mil pessoas do nascimento até os 45 anos na Nova Zelândia. Eles perceberam que os adultos que tiveram níveis elevados de autocontrole quando crianças tinham o corpo e o cérebro mais saudáveis e biologicamente mais jovens.
Não só isso, os participantes com maior autocontrole na infância também apresentaram opiniões mais positivas sobre longevidade e se sentiram mais satisfeitos com a vida após os 40 anos.
Outra descoberta é que, durante a meia-idade, as pessoas da pesquisa que apresentarem novos níveis de autocontrole também mostraram uma avaliação de saúde melhor que a feita na infância.